domingo, 4 de novembro de 2012

Aula no Parque

Hoje fomos trabalhar o palhaço relacional, que precisa lidar com muita sutileza e delicadeza no agir,  pois há uma relação com o público, bem de pertinho.
Fomos despertar a nossa criatura, esse Ser que habita nossas profundezas. Aquele que está por trás de todo o esforço. Que surge sem fazer força nenhuma. Aquela criatura que surge num lampejo, num descuido do portão aberto, num... ops, escapou!



E a aula com a professora Gabi foi no Parque da Água Branca, num belo domingo à tarde. 
Parque lotado de pessoas, de animais, de todo tipo de diversão...e surgem esses seres estranhos, de nariz vermelho e roupa diferente e esquisita. 
O olhar através do nariz vermelho transforma. Transforma menininhas em princesas de reinos distantes. Galinhas viram seres intelectuais e instigantes. Os galos pomposos ficam cantando do sertanejo à ópera em todos os cantos, bastava virar-lhes as costas. Chovia pipoca salgada e doce. E bolhas de sabão voavam com borboletas, num baile maravilhoso no jardim. 
A magia da trupe ao invadir o parque e as inúmeras transformações que aconteciam na atmosfera. Nem o ar, nem as emoções eram as mesmas. O que se dirá dos pensamentos. 
Os sons eram diversos. De violino a violão. De pandeiro a apito. E tinha muitos cocóricós e pius. 


E treinamos a relação. O contato através do olhar, que foge e fecha as portas, ou que aceita e permite o jogo, a conversa. Há olhares diversos...o desconfiado, o receptivo, o de deboche, o de surpresa...e o de indiferença, o de superioridade, o de alegria e o de tristeza...Tem olhar parado e olhar arregalado. Ah... a cada olhar se abria uma janela. Uma janela onde a gente tenta espiar lá dentro da alma...o que se passa aí dentro, meu senhor? Quanta minhoca por aí, hein minha senhora?
E tem porta na cara, quando o olhar simplesmente não olha. Mais que isso, faz questão de virar para o lado oposto. Ou um olhar que atravessa nosso corpo sem ver nada. Que nos torna seres invisíveis. 



 E assim aprendemos a decifrar segredos. Segredos da alma. Do coração. Da solidão. Segredos mortais. Segredos internacionais.
Depois do segredo decifrado vem a cumplicidade. E assim a criatura se expande, surge sem medo.

O palhaço relacional aprende a se relacionar. E depois vai aumentar todo esse aprendizado, ampliando para ficar bem maior e exagerado para que ele apareça no palco. 
Um jeito de caminhar, uma mania de olhar, de coçar a cabeça, de mexer os olhos...qualquer detalhe que te faça um Ser único na face da Terra. 
E cada Ser no seu passo, no seu ritmo ia seguindo. Rindo. Fugindo. Tropeçando. Cantando. Rebolando.
Nunca mais nenhuma daquelas pessoas será a mesma. O parque não será mais o mesmo. Nem as galinhas serão as mesmas. 

E cai a folha da árvore. E nunca mais ela será a mesma.

(Experimento #357 do laboratório clownesco, página 39 - parágrafo 8. - Dona Borboleta e equipe do Quintal de Criação sob supervisão de Gabi Argento)


Um comentário:

  1. Lindo Dona Borboleta, um relato que faz a imaginação e principalmente o coração passearem por lugares e sençações diversas, emoções que surgem da leitura, da viagem, imagens que se formam e se transforman. Parabéns a todos os que vivenram e vivenciaram esta viagem.

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